Salários é marco para a geração de políticos profissionais que são considerados a negação da democracia

Foto: Arquivo pessoal | Facebook

Por Sérgio Jones
Ao ser questionado sobre a possibilidade de promover a redução dos salários dos vereadores de Feira de Santana, uma tendência que já ocorre em diversas partes do Brasil, tanto no poder Legislativo quanto executivo, o presidente do legislativo feirense, Reinaldo Miranda Vieira Filho (Ronny), se posicionou contrário à medida e disse não cogitar desta ideia em tempo algum. 

Sob o argumento de que “os edis são aqueles políticos que se encontram mais próximo ao povo”. Tal citação feita pelo presidente tucano nos remete a fazer a seguinte ilação: de que os edis são merecedores porque eles trabalham, enquanto os demais políticos que não fazem parte do Poder Legislativo não são dignos destes mimos, possivelmente por serem considerados menos laboriosos.

De acordo com os segmentos dos entendidos da matéria em questão, Todos estes regalos tiveram início a partir de 1964 com a Ditadura Militar, que para obter apoio dos políticos criou o salário para os vereadores. Esse salário foi considerado um marco importante do processo de geração dos políticos profissionais, que são a negação da democracia, na medida em que se consolidam como profissão e como classe e passam a representar seus próprios interesses deixando a sociedade, a que deveriam representar, sem qualquer representação política, portanto, ter político profissional significa deixar a sociedade à margem do processo político e constituir uma farsa da democracia para substituir a democracia real que deveria existir e que deixa de existir, exatamente, nesse ato.

Devido a este posicionamento é que surgiram diversos movimentos defendendo a necessidade de representantes da sociedade fazendo política em defesa da sociedade e não profissionais da farsa política, atuando em benefício próprio. E apontam como estratégias a serem  adotadas:

1. Acabar com o salário dos vereadores para fazer com que os idealistas tivessem espaço na política aproveitando os cargos que não seriam tão disputados pelos oportunistas que buscam esses cargos para se locupletarem com o dinheiro público, ou seja, idealistas substituirão os corruptos se não houver o salário para o vereador;

2. Proibir a reeleição em cargos legislativos e, inclusive, proibir que alguém possa exercer mais de uma vez o mesmo cargo eletivo. Com isso fica eliminada a possibilidade da carreira política, que é a geradora da classe profissional dos políticos, defensores de si mesmos e que deixam a sociedade sem representação, matando a democracia ou transformando-a em uma farsa;

3. Proibir o voto secreto em todos os níveis legislativos porque a sociedade precisa fiscalizar seus representantes e quem não deseja ser fiscalizado, simplesmente, não precisa exercer a representação da sociedade;

4. Todo o cidadão que esteja no exercício de cargo político deve concordar em abrir mão de seu sigilo bancário, fiscal e tributário, permitindo que suas contas sejam verificadas, pela justiça ou pelo ministério público ou pela polícia federal, a qualquer momento, independente de autorização de qualquer ordem. Quem acha que sua vida deve conter segredos não deve se colocar como pessoa pública.

Sérgio Jones, 62 anos, jornalista formado pela FACOM-UFBA

*As opiniões emitidas em artigos assinados no site Diário da Notícia são de inteira e única responsabilidade dos seus autores.
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