Cientistas baianos estudam medicamentos para tratar pacientes com coronavírus

Foto: Reprodução 
Pesquisadores baianos do Laboratório de Bioinformática e Química Computacional da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), em Jequié, estudam novos medicamentos que podem ser capazes de tratar pacientes diagnosticados com coronavírus.

O grupo já desenvolvia análises de tratamentos para outras doenças, e optou por investigar substâncias capazes de deter a Covid-19 após o início da pandemia. “A gente já desenvolve uma série de pesquisas no desenho de drogas para várias outras doenças, como dengue, leishmaniose, esquistossomose, doenças que envolvem questões inflamatórias.

Com o surgimento dessa pandemia, decidimos entrar nessa corrente de pesquisadores e buscar alvos que pudéssemos testar. Esses alvos são as proteínas virais. O estudo se deu no sentido de buscar moléculas que pudessem inibir essas proteínas virais e bloquear o processo de replicação do vírus”, contou Bruno Andrade, cientista baiano que coordena o grupo de pesquisa. Bruno Andrade conta que o grupo de pesquisa trabalha com a primeira etapa do desenvolvimento de medicamentos.

Eles se utilizam de um banco de dados para fazer testes computacionais com substâncias que possuem potencial para combater a doença. Os resultados são enviados para laboratórios, que passam a realizar baterias de exames para comprovar a eficiência da droga. “A gente usa a estratégia de comparar as drogas conhecidas. Pegamos essa estrutura e fazemos comparações computacionais químicas com as moléculas que queremos selecionar no nosso banco de dados.

A gente seleciona algumas moléculas, depois fazemos um acoplamento, um encaixe computacional, para ver se tem afinidade ou não. Essa etapa é crucial para definir o que será testado na bancada e depois será passada para o humano. Sem essa etapa, não teria como testar uma grande quantidade de moléculas. Você teria um ambiente químico muito pequeno”, afirmou o pesquisador.

Para a pesquisa de substâncias capazes de combater o coronavírus, uma base de dados com cerca de 50 mil moléculas, todas naturais, foi utilizada. O grupo separou 40 compostos químicos que podem ser testados contra o coronavírus. “A gente utilizou uma base de dados filtrada. Pegamos um banco de dados com 900 milhões de estruturas e fizemos uma triagem em que selecionamos apenas as de fontes naturais, moléculas extraídas de plantas.

Ela já vem com o potencial de virar droga pelas características químicas que apresentam. Essas moléculas podem ser depois compradas, sintetizadas, testadas em bancada com células”, explicou. A pesquisa está disponível on-line, com texto em inglês, e, segundo Bruno Andrade, deve ganhar as páginas de publicações científicas em breve. “A gente espera que este estudo retorne para a sociedade em forma de tratamento imediato e possa diminuir o número de mortes que estamos acompanhando nas estatísticas divulgadas diariamente.

A ideia de utilizar a ferramenta que estamos trabalhando é ampliar o universo de moléculas e assim, consequentemente, a chance de ter o melhor composto químico para o tratamento”, ressaltou. A administração de hidroxicloroquina e azitromicina foi liberada na última semana pelo Governo da Bahia para tratar pacientes diagnosticados com coronavírus. O uso dos dois medicamentos para casos de COVID-19 não é consenso na comunidade científica. Os estudos realizados até aqui não apresentaram evidências suficientes para apontar que os medicamentos realmente são eficazes contra a Covid-19.

Fonte: G1
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