Bolsonaro venceu Lula em apenas duas cidades da Bahia; saiba quais

Foto: Reprodução / Sindicato Rural de Buerarema
A Bahia é o segundo estado mais lulista do Brasil, dando 71% de votos ao petista no segundo turno da disputa presidencial. Dos 417 municípios, no entanto, dois votaram às avessas no neste domingo (30) e escolheram Jair Bolsonaro (PL) como favorito. Em Luís Eduardo Magalhães, no Oeste, o atual somou 58% dos votos, enquanto em Buerarema, no Baixo Sul, o conservador marcou 60%.

Com apoio consolidado do agronegócio, o perfil do eleitorado de Bolsonaro não é diferente nos dois municípios que mais votaram no chefe do Executivo. A cidade de Luís Eduardo Magalhães possui a sétima maior economia da Bahia, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O município é o maior exportador do estado a partir da produção de soja (569.904 toneladas na safra 2019/2020), de algodão (78.024 toneladas) e milho (133.650 toneladas).

Já Buerarema, conhecida como a “Terra da Farinha” devido à produção artesanal de farinha de mandioca pelos agricultores familiares da região, tem na produção agrícola do cacau e mandioca a força econômica da cidade.

Na última eleição presidencial, no segundo turno de 2018, Bolsonaro venceu em quatro cidades baianas: Luís Eduardo Magalhães (58,80%), Buerarema (55,26%), Itapetinga (53,69%) e Teixeira de Freitas (50,97%).

Luís Eduardo Magalhães

O município do Oeste da Bahia, cujo nome foi em homenagem ao filho do ex-governador da Bahia, Antônio Carlos Magalhães, foi emancipado de Barreiras em 30 de março de 2000. Em 2018, Bolsonaro recebeu 20.810 votos (54,55%) no primeiro turno e 22.509 votos (58,80%) no segundo. A cidade tem ao menos 36.785 eleitores aptos conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Para o agricultor Paulo Closs, 64, e residente em Luís Eduardo Magalhães há 41 anos, a preferência por Bolsonaro acontece não porque há teor bolsonarista na cidade, mas pela identificação com campanhas anticorrupção. Além da preocupação com a posse de um gestor honesto, Paulo afirma que existe no agronegócio atenção com o desenvolvimento do país, dado que a produção no município é elevada para exportação e os produtores precisam de mercado externo para demanda.

“Estamos vivendo quatro anos de paz no campo. Não aguentava ter fiscalização, éramos sugados constantemente. Ministério do Trabalho, Meio Ambiente, tudo indo para fazenda para fiscalizar e multar ao invés de mostrar meio [para consertar]”, observa.

“As pessoas do agro não são partidárias, não têm amor por candidato. As pessoas do agro têm preocupação com a nação, com o país”, acrescenta.

Buerarema

Em Buerarema, o cenário do agronegócio se expande para conflitos com terras indígenas. Desde 2000 indígenas Tupinambá de Olivença iniciaram militância por demarcação de terras da região. Eles esperam pelo marco temporal do Supremo Tribunal Federal (STF), contudo, produtores da região denunciam que a situação é fraudulenta e a comunidade não é indígena.

Consultor de projetos agrícolas e ambientais, Erlon Botelho alega que a economia na cidade afundou após a movimentação dos indígenas. “O município empobreceu porque houve expulsão dos agricultores, era o que alimentava a economia. Depois dos ‘pseudo índios’ hoje o Buerarema sobrevive do pouco que sobrou”.

Devido ao apoio dado pelo governo do PT ao movimento dos povos originários, Botelho diz que a população se manifesta a favor de qualquer partido político que esteja na contramão dos petistas. “Desde 2000 que a cúpula federal do PT não ganha aqui e quando perde, perde a chapa toda”, ressalta. “[Os indígenas reivindicaram] 47 mil hectares de terra, pequenos agricultores foram expulsos de suas terras […] e o PT chancela isso”, critica.

Coordenador do Movimento Unido e Organizações Indígenas da Bahia (Mupoiba), Agnaldo Pataxó defende que a reivindicação dos indígenas Tupinambá de Olivença não traz consequências para o município. “Esse território está com processo todo pronto para ser demarcado. [Mas] quando atual Presidente da República tomou posse […] devolveu processo para Funai [Fundação Nacional do Índio] e desde a época se encontra paralisado na Funai”, diz. Depois da demarcação, haverá processo de desintrusão, quando pessoas que não são indígenas devem retirar-se do local. (Correio)

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