Sindpoc aponta quadro de adoecimento mental dos policiais civis da Bahia; 07 profissionais cometeram suicídio no ano passado

Por Felipe dos Santos Conceição
Ambientes de trabalho insalubres, periculosidade da atividade policial, recorrência dos casos de assédio moral e sexual, e os baixos salários são os principais fatores apontados pelo Sindicato dos Policiais Civis do Estado da Bahia ao quadro de adoecimento dos servidores baianos. De acordo com o 17° Anuário da Segurança Pública, a Bahia foi o segundo estado do país em número de suicídios de policiais civis e militares em 2022. 

Segundo a pesquisa, na Bahia sete profissionais tiraram a própria vida no ano passado e o número é o mesmo do estado de Pernambuco. O primeiro ente federativo no recorte é São Paulo, com 19 registros em 2022. A estatística contabilizou apenas os profissionais que estão ativos. O anuário mostrou ainda que, em todo o país, 82 profissionais da segurança pública cometeram suicídio. O número é menor que em 2011, quando foram contabilizadas 101 mortes.

A escrivã de Minas Gerais, Rafaela Drummond, de 32 anos, cometeu suicidou no mês de junho, era lotada em Carandaí, na região da Zona da Mata de Minas Gerais. "É mais um caso que traz à tona a pressão psicológica e o assédio moral que atingem os policiais civis na Bahia e no Brasil." O presidente do Sindpoc, Eustácio Lopes, salienta ainda que a categoria precisa da implementação de políticas públicas que visem fornecer assistência psicológica associadas a uma mudança de cultura institucional.

O sindicalista afirma que o assédio moral e sexual na Polícia Civil são institucionalizados e ocorrem devido à hierarquização que existe entre os delegados, que são considerados como "cúpula", e os investigadores e escrivães que, na hierarquia interna, são vistos como "carreiras de base", sem prestígio. O sindicalista afirma que "os servidores são obrigados a trabalhar em ambientes insalubres, sem as condições mínimas para o desempenho das atividades laborais, abrindo mão dos seus direitos trabalhistas, como fazer operações durante a madrugada sem receber hora extra, e as diversas agressões verbais e psicológicas", relata.

O presidente do Sindpoc ressalta que as 26 unidades do interior baiano não disponibilizam atendimento psicológico aos servidores. Segundo Eustácio Lopes, o atendimento do Departamento Médico da Polícia Civil (Demep) se limita a Salvador e Região Metropolitana. "O interior é totalmente desassistido em relação ao atendimento médico do Demep e constatamos que o baixo efetivo acaba gerando excesso de jornada de trabalho, cobrança exarcebada, e esta sobrecarga de trabalho causa no policial civil o adoecimento laboral gerando, inclusive, sentimentos suicidas, diversos policiais já cometeram suicídio. Tivemos agora o caso de uma jovem escrivã de Minas Gerais que cometeu suicídio", lamenta Eustácio Lopes. 

"Precisamos que os servidores sejam acompanhados por equipes multidisciplinares e que as ações da Polícia Civil passem a ser humanizadas porque os policiais são desumanizados. A saúde emocional do servidor é um dever do estado e temos certeza que vamos ter o apoio do atual governador Jerônimo Rodrigues que já deu várias sinalizações que pretende adotar uma gestão mais sensível às demandas dos policiais civis", pontua o presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Estado da Bahia.

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