Filha de Lindomar Castilho se despede do pai com carta marcada por dor, perdão e reflexão

Lindomar teve sua carreira marcada pela tragédia de assassinar sua esposa, a também cantora Eliane de Grammont, durante uma apresentação musical nos anos 1980

Lili de Grammont e Lindomar Castilho | Foto: Reprodução | Redes sociais 
Após a morte do cantor Lindomar Castilho neste sábado (20/12), aos 85 anos, sua filha, Lili de Grammont, usou as redes sociais para se despedir do pai em um texto comovente e profundo, marcado por emoção, dor e um difícil processo de perdão.

Lindomar, que teve sua carreira marcada pela tragédia de assassinar sua esposa, a também cantora Eliane de Grammont, durante uma apresentação musical nos anos 1980, deixa um legado controverso. O crime chocou o país e mudou para sempre a vida de Lili, que perdeu a mãe de forma brutal.

Na carta, Lili escreveu:

"Meu pai partiu! E como qualquer ser humano, ele é finito, ele é só mais um ser humano que se desviou com sua vaidade e narcisismo. E ao tirar a vida da minha mãe também morreu em vida. O homem que mata também morre."

Ela refletiu sobre a complexidade do ser humano e afirmou que a resposta sobre o perdão não é simples como um “sim” ou “não”, mas envolve todas as camadas das dores vividas.

A despedida também é um chamado à consciência e à evolução interior:

"Somos seres inacabados... somos luz e sombra, tenha coragem de escolher sua luz."

Ao final, Lili desejou cura à alma do pai e que ele seja recebido com amor, reconhecendo a brevidade da vida e a importância de buscar felicidade e sentido.

A carta causou grande repercussão nas redes sociais, sendo vista como um ato de coragem e humanidade, ao abordar uma história de trauma com tanta lucidez e empatia. Informações do Diário da Notícia.

Leia a carta na íntegra:

Hoje um ciclo se encerra…

O que te faz ser quem você é? As palavras não são suficientes para explicar o que estou sentindo! Só sinto uma humanidade imensa, sinto o tanto que estamos nesta terra para evoluir. Sinto o poder das coisas que verdadeiramente importam.

Meu pai partiu! E como qualquer ser humano, ele é finito, ele é só mais um ser humano que se desviou com sua vaidade e narcisismo. E ao tirar a vida da minha mãe também morreu em vida. O homem que mata também morre. Morre o pai e nasce um assassino, morre uma família inteira.

O que fica é: Somos finitos, nem melhores e nem piores do que o outro, não somos donos de nada e nem de ninguém, somos seres inacabados, que precisamos olhar pra dentro e buscar nosso melhor, estar perto de pessoas que nos ajudem a trazer a beleza pra fora e isso inclui aceitarmos nossa vulnerabilidade.

Assim me despeço do meu pai, com a consciência de que a minha parte foi feita com dor sim, mas com todo o amor que aprendi a sentir e expressar nesta vida.

Se eu perdoei? Essa resposta não é simples como um sim ou não, ela envolve tudo e todas as camadas das dores e delícias de ser, um ser complexo e em evolução.

Diante de tudo isso, desejo que a alma dele se cure, que sua masculinidade tóxica tenha sido transformada.

Pai, tudo é fulgaz, não somos donos de nada e nem de ninguém. O que fica é a essência! O que fica é o religar, das almas que se conectam. O poder exige responsabilidade. Escolha sua melhor parte! Somos luz e sombra, tenha coragem de escolher sua luz.

Me despeço com a certeza de que essa vida é uma passagem e o tempo é curto para não sermos verdadeiramente felizes, e ser feliz é olhar pra dentro e aceitar nossa finitude e fazer de cada dia um pequeno milagre.

Pai, descanse e que Deus te receba, com amor… E que a gente tenha a sorte de uma segunda chance. (Lili)

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