O crepúsculo histórico da Rua 13 de Maio em Cachoeira

Enquanto o sol mergulhava, lentamente, por detrás das montanhas de Muritiba, a 13 de Maio começava a receber gente. 

Foto: Divulgação 
O dia 25 de dezembro de 2025 vai para o acervo da memória dos hábitos e costumes urbanos de Cachoeira.

A modorra provocada pelas comemorações da véspera do Natal fora quebrada com uma grande festa nunca vista antes nesta rua, outrora silenciosa e vigiada com ferocidade canina por guardiões da moral e dos bons costumes, alheios.

Enquanto o sol mergulhava, lentamente, por detrás das montanhas de Muritiba, a 13 de Maio começava a receber gente. 

Por volta das 18h, o público continuava chegando. Às 20h, a rua já abrigava uma multidão, que se aglomerava desde a sede da Filarmônica Minerva até a esquina da sede da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, na subida da Ladeira da Ajuda.

A presença de pessoas sedentas e ávidas por diversão, logo atraiu ambulantes e catadores de latinhas. 

Nas próximidades do Bar de Zé Mole, um vendedor de caldo de cana instalou o seu carrinho com maquinário; na outra ponta, na esquina, próximo ao depósito de bebidas São Jorge, surgiu um vendedor de cerveja; no passeio da Boa Morte, fora comercializado churrasquinho assado na hora.

À essa altura, o público já estava em êxtase com o show de Paco Duarte e seus convidados. Todos, por sinal, muito bons. O som potente fazia até os seculares sobrados trepidarem. O xixi era feito nos arredores, nos cantinhos mais escuros, em frestas de portas e até em paredes. .

O suor escorria de rostos de semblantes felizes. A euforia era escancarada.

Obedientes, os foliões imitavam as coreografias ensaiadas pelos artistas no palco improvisado na calçada. E haja subir e descer até o chão. Empolgado, o macróbio - aparentemente conservador- com um copo de bebida em uma das mãos, também dava trópegos passinhos.

No auge da festa, alguém no microfone rebatizou a Rua 13 de Maio como o "Pelourinho de Cachoeira". A galera foi ao delírio.

Já passava das 22h de muito pagode, samba de roda, axé, suor e cerveja, a 13 de Maio fervilhava, mas a festa foi encerrada para desgosto do público.

Ao final, restaram centenas de latinhas e garrafas de cervejas quebradas, além das rodinhas de resistentes resenhando sobre o glamouroso evento natalino. Vale registrar que os recicladores e os promotores do evento limparam toda sujeira.

Graças à Nossa Senhora da Glória e à Nossa Senhora da Boa Morte, a que tudo assistiram lá dentro do seu templo, não houve nenhum incidente. Mais adiante no alto no largo Nossa Senhora da Ajuda também colaborou para a harmonia da festa, já que não havia no local policiamento.

Até agora, não há registros de que alguma ratazana albina tenha saído da toca para chiar por conta da zoeira. Alma sebosa, misógina, intolerante, rancorosa, racista contumaz em ligar sorrateiramente para a Polícia, prestar queixa no Ministério Público e na prefeitura contra vizinhos por supostos incômodos barulhentos, convenientemente, emudeceu.

Não há conhecimento de que mequetrefe - que age por instinto rancoroso - tenha ido assediar a vizinhança para dar falsos testemunhos perante autoridades contra qualquer ruído em estabelecimentos na área da antiga e elegante Rua das Lojas. "Decadence avec elegance".

Bem que Pelourinho tem a ver com 13 de Maio. É pura história. Porque o mundo não gira, capota, dá cambalhotas e debocha da vida.

(Texto escrito pela jornalista Alzira Costa no dia 26 de dezembro de 2025, às 9h).

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