Pai de Lucas Terra morre quase 18 anos após assassinato do filho em Salvador

Foto: Reprodução
O pai do adolescente Lucas Vargas Terra, que foi morto em 2001 em Salvador, veio a óbito nessa quinta-feira (11), na capital baiana. José Carlos Terra faleceu aos 65 anos no Hospital Ernesto Simões, onde estava internado desde terça (19). A notícia foi confirmada pela esposa dele e mãe de Lucas, Marion Terra, no Facebook.

"Hoje o amor da minha vida, meu companheiro há 46 anos, foi vencido pelo sofrimento de busca por justiça e impunidade, as lágrimas e dor da separação e a voz de Carlos Terra se calaram", disse a viúva na publicação. Segundo informações do G1, ele foi internado após sofrer uma parada respiratória em consequência de uma cirrose hepática. A doença foi descoberta no ano passado, quando o casal estava em Roma, na Itália.

De acordo com sua esposa, ele teve seu estado de saúde agravado em novembro, depois de saber que a decisão que indicou o envolvimento do bispo Fernando Aparecido da Silva na morte de seu filho foi anulada pelo ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O magistrado alegou falta de provas para tomar a decisão. "Foi um baque para nós, mas, mesmo assim, ele não desistiu. O tempo inteiro, ele buscava respostas. A gente não entendia porque o processo estava aqui em Salvador e ainda não tinha sido julgado. Ele só pensava nesse processo', contou Marion.

Na rede social, ela disse que vai prosseguir na luta por justiça. "Sua coragem foi vencida, mas a sua voz não vai se calar, continuará através da minha voz até o dia que eu partir para encontrar com ele e meu Luquinha", declarou. Além da esposa, José Carlos deixa dois filhos e quatro netos. O sepultamento dele será realizado nesta sexta (22), no cemitério Bosque da Paz, às 13h30. Lucas foi morto em março de 2001, em um templo da Igreja Universal do Reino de Deus, no bairro do Rio Vermelho.

Com 14 anos na época, ele foi estuprado antes de ser queimado vivo. Seu corpo foi encontrado carbonizado em um terreno baldio na Av. Vasco da Gama. Segundo José Carlos, seu filho foi assassinado por ter visto os pastores Joel Miranda Macedo de Souza e Fernando Aparecido da Silva fazendo sexo. Além deles dois, o pastor Silvio Roberto Galiza também foi apontado como suspeito, mas, em 2013, a juíza Gelzi Almeida inocentou os religiosos.

A família de Lucas recorreu e, os desembargadores do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) decidiram, por unanimidade, que os religiosos fossem à júri popular. A defesa dos bispos, então, recorreu, mas o Superior Tribunal de Justiça (STJ) confirmou a decisão da corte baiana.

Assim, em 2012, Silvio Roberto Galiza foi condenado a 18 anos de prisão. Já Fernando e Joel aguardavam julgamento popular em liberdade até que, em 2018, o ministro do STF anulou o processo que envolvia o bispo Fernando no crime.

Fonte: Voz da Bahia 
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