Santo Amaro: Caetano Veloso se posiciona contra instalação de fábrica - “É uma nova ameaça que nós não devemos admitir”, diz

Foto: Reprodução
O cantor e compositor Caetano Veloso, que é natural de Santo Amaro, no Recôncavo Baiano, fez um pedido aos vereadores e Prefeito da cidade para que vetem a instalação de uma fábrica da Orbi Química, uma empresa de produtos químicos voltados para os setores automotivo e da construção civil.

Em vídeo publicado no final da noite deste sábado, 25 (assista abaixo), o artista pediu que os parlamentares pensem nos problemas já enfrentados por Santo Amaro, principalmente aqueles deixados pela Plumbum, uma fábrica que produzia lingotes de chumbo e que deixou poluídos o solo e a água do Rio Subaé.

“Eu peço aos vereadores de Santo Amaro que se lembrem que a Câmara Municipal é pioneira na história da independência do Brasil. Pensem profundamente nos problemas que Santo Amaro já vem enfrentando há muitos anos por causa de questões ambientais causadas por aquela fábrica de chumbo instalada naquela parte de cima, depois do Bonfim”.

Quanto à unidade da Orbi Química, o cantor ressaltou que, de acordo com a Prefeitura, a previsão é que a instalação aconteça no centro da cidade, “em um terreno que hoje pertence à Universidade Federal do Recôncavo Baiano”.

“Essa [fábrica], junto do Rio Subaé, é uma nova ameaça que nós não devemos admitir, além de ser uma perda para a UFRB. Então, senhores vereadores não deixem que uma fábrica química da Orbi seja implantada no perímetro urbano da cidade nem à beira do Rio Subaé”, concluiu.

Herança do chumbo

A tentativa de Caetano Veloso de “purificar o Subaé” é antiga, datada desde a implantação da fábrica Plumbum, antiga Cobrac, na cidade de Santo Amaro, que atuava com a fundição de chumbo para a produção dos lingotes do metal.

Em 1960, a Companhia Brasileira de Chumbo escolheu a cidade do Recôncavo para instalar uma unidade da fábrica, que recebia o metal vindo de Boquira, na Chapada Diamantina. A atuação da empresa em Santo Amaro durou até o ano de 1993, quando os “malditos” finalmente foram embora.

Mas, a Plumbum deixou para trás 500 toneladas de escória de chumbo e cádmio espalhadas pelo solo de Santo Amaro, enterradas ou utilizadas pelo poder público como calçamento para o asfalto, o que acabou por contaminar os lençóis freáticos e, consequentemente, o Rio Subaé.

Além de funcionários desempregados, a antiga Cobrac deixou também os trabalhadores doentes, com problemas ósseos e alta quantidade de chumbo e cádmio no sangue. Os problemas causados pela exposição a metais pesados soma quase três décadas e surgiu como uma tentativa de industrializar a região.

Da mesma maneira tem sido o argumento da Prefeitura de Santo Amaro para justificar a instalação de uma unidade da Orbi Química na cidade. Em uma publicação nas redes sociais, a gestão municipal afirmou que a implantação da fábrica “tem como o objetivo incentivar a geração de emprego e renda”.

Além da manifestação de Caetano Veloso contra a implantação da fábrica no perímetro urbano de Santo Amaro, já existe um abaixo assinado digital que coleta a assinatura dos que também desaprovam essa decisão dos vereadores e do prefeito da cidade.

Assista:



Prefeito de Santo Amaro diz que Caetano Veloso não tem "legitimidade" após músico criticar instalação de fábrica na cidade

Para o prefeito de Santo Amaro, Flaviano Bonfim (PP), a 71 km de Salvador, as críticas do músico Caetano Veloso à intenção de instalar uma fábrica de produtos químicos voltados para os setores automotivo e da construção civil tem interesses políticos.

"Caetano não tem legitimidade nenhuma pra falar de política da cidade. [...] Usou a vida toda o nome de Santo Amarao, não tem moral pra falar de nada. Não teve coragem de fazer uma campanha pra ajudar a cidade de Santo Amaro", disse, em entrevista ao BNews neste domingo (26).

Rodrigo Velloso, irmão do músico, atuou durante oito anos como secretário municipal de Cultura.

Em vídeo publicado no final da noite deste sábado (25), o artista pediu que os parlamentares pensem nos problemas já enfrentados por Santo Amaro, principalmente aqueles deixados pela Plumbum, uma fábrica que produzia lingotes de chumbo e que deixou poluídos o solo e a água do Rio Subaé.

“Eu peço aos vereadores de Santo Amaro que se lembrem que a Câmara Municipal é pioneira na história da independência do Brasil. Pensem profundamente nos problemas que Santo Amaro já vem enfrentando há muitos anos por causa de questões ambientais causadas por aquela fábrica de chumbo instalada naquela parte de cima, depois do Bonfim”.

A Câmara Municipal vota nesta segunda-feira (27), pela manhã, o projeto que pode implantar a fábrica na cidade.

Terreno

O imbróglio envolve o terreno da antiga fundição Tarzan. Em nota enviada à reportagem, a prefeitura afirma que a gestão vigente na época, em 2012, determinou a obrigatoriedade de construção do campus do Centro de Cultura, Linguagens e Tecnologias Aplicadas, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), no espaço até 2016. "Logo, desde 2017, o local, legalmente, já havia voltado ao município, não havendo, até o presente momento, solicitação por parte da Universidade de revalidação da doação do terreno. Nesse contexto, a estrutura foi destinada a outro viés de desenvolvimento local, voltada para a geração de empregos e renda ao município, através de instalação de uma fábrica", diz a nota.

O prefeito de Santo Amaro afirma que não há a intenção de retirar o atual terreno onde a UFRB está localizada, que, inclusive, teria sido doado pela própria gestão em 2017, onde funcionava a Escola Municipal Pedro Lago. Portanto, a universidade só não poderia mais utilizar o primeiro terreno, que, segundo o Flaviano, encontra-se abandonado.

A reportagem entrou em contato com a assessoria de comunicação da UFRB, mas, até a publicação desta matéria não obteve uma resposta. Informações do BNews. 
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