Crianças baianas podem ser vacinadas contra a Covid ainda neste mês

Foto: Jefferson Peixoto / Secom
Praticamente um ano depois do começo da campanha de vacinação contra a Covid-19, pais e responsáveis por crianças abaixo dos 12 anos continuam na expectativa de que chegue a vez delas de se protegerem. 

Essa espera pode chegar ao fim: até o final de janeiro, a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) deve receber as primeiras levas de imunizantes da Pfizer/BioNTech, atualmente o único aprovado para aplicação infantil. “Existe uma promessa do Ministério da Saúde de que as primeiras vacinas cheguem no dia 13. 

Executaremos a estratégia como sempre fizemos, como o governador sempre recomendou: chegou vacina, a vacina é distribuída para os municípios”, afirmou a secretária em exercício Tereza Paim. Em toda a Bahia, são 1.471.240 pessoas entre 5 e 11 anos ansiosas pelo momento de saírem da fila da vacina e começarem a pensar numa vida mais próxima do normal. Só em Salvador, 235.683 crianças esperam se vacinar. 

A notícia chega depois de uma queda de braço entre o Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa): embora o órgão regulatório já tivesse atestado a segurança e a eficiência do imunizante da Pfizer para a faixa etária e sinalizado para a inclusão dos pequenos no Programa Nacional de Imunizações, a pasta federal queria que a aplicação fosse autorizada mediante prescrição médica, excluindo as crianças mais vulneráveis e sem acesso à saúde básica da campanha. A Sesab não exigirá receita médica, bastando que os responsáveis levem os documentos necessários, como cartão de vacina e identificação. 

“Aos pais, que se sintam muito à vontade com a responsabilidade que nós temos e vivenciamos do SUS, que podem levar seus filhos. Não precisa procurar um médico para ter prescrição. Isso dá uma equidade às vacinas, sempre foi dessa forma”, garantiu a titular da Saúde. Últimas na ‘fila da vacina’, as crianças foram entendidas durante a pandemia como portadoras de casos mais brandos de Covid-19 em relação aos adultos; entretanto, para o médico pediatra e infectologista Marco Aurélio Safadi, essa visão precisa mudar, já que a mortalidade de crianças pela síndrome respiratória no Brasil é maior do que em outros países; desde o começo da pandemia, a letalidade foi de 0,4% nesse grupo. Na Bahia, ficou entre 0,1 e 0,2%.

“Isso nos distraiu e nos tirou a atenção da relevância que essa doença tem para a população pediátrica. Boa parte das que sobreviveram, ficaram com sequelas cognitivas, respiratórias, cardiovasculares, além do impacto que essa doença traz”, disse o especialista, que também é presidente do Departamento Científico de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). “A vacina tem resposta imune não inferior ao demonstrado em adultos. 

O objetivo da vacinação é prevenir internações e mortes” O infectologista falou ainda sobre os benefícios da inclusão das crianças no PNI, mostrando um estudo de caso-controle com a aplicação de duas doses da Pfizer em adolescentes de 12 a 18 anos entre os dias 1° de junho e 30 de setembro de 2021. “A vacina em adolescentes teve uma eficácia para prevenir hospitalizações em 93%, num período em que a variante Delta foi predominante. 

Os dois óbitos que ocorreram nesse grupo foram de adolescentes não vacinados”, argumentou Safadi. E, embora alguns responsáveis estejam preocupados com as reações nas crianças após a aplicação, o especialista assegurou que a imunização desse público-alvo ainda é vantajosa. “Quase a totalidade dos efeitos adversos foram não-sérios e transitórios”. Renato Kfouri, médico pediatra e representante do Comitê Extraordinário de Monitoramento da Covid-19 da Associação Médica Brasileira (AMB), engrossa o coro pela vacinação infantil. 

“Os benefícios diretos da prevenção nas crianças são óbvios. Nenhuma doença está matando mais. A Covid fez mais vítimas do que todas as doenças preveníveis nos últimos dois anos no Brasil. Não há razão para admitirmos essas mortes. Conclamamos a todos os pais e responsáveis que vacinem os seus filhos”, frisou. Enquanto a primeira remessa não chega, o clima entre os que cuidam do público infantil é de expectativa. “Estou louca para vacinar o meu filho. Não consegui mandar ele para a escola no ano passado porque fiquei com medo de ele se contaminar”, disse a autônoma Bárbara Santos, mãe do pequeno Arthur, de 7. 

Angela Queirós já explicou ao filho Rafael a importância da vacina e fará questão de levá-lo. “Temos é que estar do lado dos nossos filhos, dar-lhes força e explicar-lhes o porquê. A vacina é como um remédio que vai ajudar o nosso corpo a lutar contra o vírus”, enfatizou. “A decisão é nossa de protegê-los quer dessa doença, quer de outras, como o tétano, a rubéola e o sarampo”.

Fonte: Tribuna na Bahia 
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