Após morte da Yalorixá, família de Bernadete Pacífico deixa quilombo

Casa onde Mãe Bernadete foi morta, dentro do quilombo Pitanga dos Palmares — Foto: Globo
Os familiares da líder quilombola Mãe Bernadete, assassinada a tiros dentro da associação do Quilombo Pitanga dos Palmares, na noite de quinta-feira (17), aceitaram uma proteção do governo do estado e deixaram o quilombo que viviam na Bahia. Até esta terça (22/08), cinco dias após o homicídio, ninguém foi preso.

Segundo o advogado da família, David Mendez, saíram do quilombo o filho de Mãe Bernadete, a esposa dele, a viúva do outro filho da líder quilombola e o neto dela, que presenciou o assassinato da avó.

Ainda de acordo com o advogado, a medida é uma espécie de “proteção informal”, solicitada pela família de Bernadete Pacífico, e aceita pelo governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues.

Com isso, uma escolta policial da Polícia Militar acompanhará o filho e o neto da líder quilombola durante o período. David Mendez informou que a saída da família de Bernadete do local causou uma grande desmobilização na comunidade.

De acordo com o advogado, alguns moradores também querem deixar o quilombo por causa do medo provocado pelos assassinatos da líder quilombola e do filho dela, que também ocorreu no local, há seis anos.

Antes de ser assassinada, Mãe Bernadete pensou que os dois homens que invadiram a casa dela eram assaltantes. A informação foi dada à polícia pelo neto da vítima, Wellington Gabriel de Jesus dos Santos, que estava na casa da avó, dentro do quilombo Pitanga dos Palmares, na noite do crime.

A vítima estava na companhia de três netos quando foi morta: Wellington, de 22 anos, que estava em um dos quartos da casa, e dois adolescentes de 13 e 12 anos, que estavam na sala com a avó. Ao ouvir batidas na porta, um dos adolescentes abriu e os suspeitos entraram na residência.

O caso é investigado por uma força-tarefa da Polícia Civil e também pela Polícia Federal. Nesta segunda, as corporações se reuniram para compartilhar informações.

Participaram do encontro o secretário de Segurança Pública da Bahia, Marcelo Werner, o superintendente Regional da Polícia Federal na Bahia, Flávio Albergaria, e a delegada-geral da Polícia Civil, Heloísa Brito. Nenhuma informação sobre o andamento das investigações foi divulgada.

Familiares relataram que Mãe Bernadete sofria ameaças há pelo menos dois meses. Ela falou sobre isso durante um encontro com a presidente do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, em julho deste ano.

O assassinato de Mãe Bernadete foi condenado por diversas entidades, incluindo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) e a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).

As entidades cobraram uma investigação rápida e imparcial do crime e que os responsáveis sejam levados à Justiça. (G1)

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