Ateliê de Fory - A casa da resistência da arte em madeira de Cachoeira

Fory é o nome artístico do cachoeirano Carlos Alberto Dias do Nascimento
Por Alzira Costa
Ainda na adolescência, o escultor Fory descobriu as suas habilidades para a arte. Desde então, dedica-se a manter viva a tradição da escultura em madeira. O escultor, no seu ofício, aproveita peças de escombros e de árvores mortas para transformar em arte com o seu talento.

Aos 64 anos, Fory, atualmente é considerado o mais velho escultor vivo em atividade, remanescente de uma geração influenciada pelos irmãos artistas conhecidos como Louco e Maluco, a partir dos anos 70.

Fory foi pioneiro ao instalar o seu próprio ateliê para produzir e viver da sua arte. Assim, desde a década de 1980, o artista abriu a sua casa de escultura em madeira na Rua 13 de Maio, no Centro Histórico da cidade de Cachoeira, onde permanece no mesmo endereço, desenvolvendo o seu trabalho.

Fory é o nome artístico do cachoeirano Carlos Alberto Dias do Nascimento. Uma marca, uma referência quando o assunto é a arte em madeira do Recôncavo. O escultor tem uma trajetória de intensa relação com artistas e ativistas negros brasileiros e afroamericanos que lutam pelos seus direitos e espaços na sociedade e na arte. 

Suas obras carregam personalidades e identidade, distinguidas pelas formas rebuscadas e fino acabamento. São obras inspiradas em divindades do panteão africano, figuras femininas, nas manifestações populares do Recôncavo e livres criações seguindo as linhas do formato da madeira. A arte de Fory dialoga com o contemporâneo e a tradição sem perder as suas raizes.

A trajetória desse artista é marcada por exposições no Brasil e no Exterior, sempre recebidas com críticas positivas. A sua história está registrada em livros, jornais revistas, filmes e vídeos. Em 1986, ao lado de outros artistas baianos participou, pela primeira vez, de uma exposição em Nova Iorque, experiência que abriu os caminhos para estreitar laços com pessoas engajadas em movimentos culturais da comunidade negra dos Estados Unidos.

A carreira artística proporcionou a aproximação do escultor com outros artistas plásticos, acadêmicos de universidades, intelectuais, fotógrafo, escritores, músicos, poetas, cineastas, colecionadores, atores, jornalistas de várias partes do mundo. Essa vivência fortaleceu no escultor, a convicção de que a arte é um canal de interação plural, denúncia, registro, alegria, prazer e interação.

É no seu ateliê que acontecem encontros importantes com essas pessoas, onde se discute arte, cultura, diversidade, respeito e solidariedade. A casa da escultura em madeira do artista Fory é uma referência para cultura do Recôncavo Baiano, um endereço onde se valoriza o processo civilizatório da humanidade.

Alzira Costa é jornalista, moradora de Cachoeira no Recôncavo Baiano 

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