Mesmo sem liberação do IPHAN, proprietário de imóvel atingido por desabamento de ruínas derruba parte do casarão em Cachoeira

Casarão oferece riscos para os imóveis vizinhos| Fotos: Adriano Rivera/Diário da Notícia 

O imóvel que sofreu danos após parte de um casarão em ruínas desabar na rua Virgílio Damásio, em Cachoeira, ainda continua  correndo riscos de sofrer um novo desmoronamento e aumentar ainda mais os prejuízos, inclusive com danos físicos às pessoas que moram na vizinhança. Essa quase tragédia aconteceu no último dia 01/11, no centro da cidade (veja aqui).

A reportagem do Diário da Notícia entrevistou o proprietário do imóvel atingido pelo desmoronamento, Dr. Ari, que falou que vai demolir o prédio em ruínas por conta própria porque o risco deles sofrerem outros danos é iminente. "Estamos situados entre duas ruínas aqui em Cachoeira na Rua Virgílio Damásio, n° 10 e a ruina mais crítica da Rua Virgílio Damásio número 12 e já é a terceira vez que cai uma parte desse sobrado sobre o meu telhado com danos consideráveis e o último foi o pior deles - por uma questão de segundos a minha funcionária não é soterrada pelos escombros porque ela acabou de sair da sala, foi atender a campainha e quando ela saiu, acabou de pisar fora da sala, desabou uma parte considerável do prédio e o dano foi total - tudo que tinha na sala foi destruído, de forma irrecuperável e o meu telhado está todo danificado e agora a gente está tendo uma outra parte da parede lateral que está iminentemente em risco de cair a qualquer momento, tá oferecendo risco, tá inclinado consideravelmente e a gente tá tentando aí derrubar essa parte, mas tá tendo obstáculo aí por parte do patrimônio. O patrimônio em Cachoeira é fundamental, é bom e uma cidade histórica precisa realmente dessa vigilância do patrimônio, mas no nosso caso a gente tá correndo risco de cair novamente e o dano ser pior ainda," explica.

Ainda conforme o Dr. Ari, o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) está esperando a prefeitura de Cachoeira fazer uma espécie de escoramento na frente do imóvel em ruínas para eles demolirem a parte que está pra desabar.

Sala principal da casa de Dr. Ari ficou cheia de entulhos após desabamento

"O patrimônio [IPHAN] quer que a prefeitura faça o escoramento da frente do prédio para que só então a gente venha a demolir, mas não podemos esperar porque se você observar, todo mundo que passa na rua exclama que a coisa tá feia, tá um perigo iminente ali, que a gente tá inseguro, então o que que a gente vai fazer? A gente vai ter que demolir aquilo ali pra depois ver com o IPHAN o que que vai ser feito porque ele não pode esperar a resposta da prefeitura para fazer o amarramento da frente; não é um negócio simples, como parece, é um trabalho demorado que vai levar cerca de uma semana para ser feito e a gente não tem esse tempo. Está ameaçando chover, então não dá para esperar. Eu já acionei o caminhão guincho de Feira de Santana pra derrubar a ruína. Esses órgãos tem que ter empatia com o ser humano - não é o patrimônio, como eu disse é importante, mas é um negócio notável, evidente que o risco tá de qualquer momento desabar novamente," alerta.

De acordo com o Dr. Ari, ele não vai ficar correndo riscos junto com a família e inclusive ele deixou de trabalhar porque não tinha condições psicológicas.

"Tenho tudo documentado, tudo fotografado, tudo filmado e se o IPHAN vier com represália sobre mim eu vou entrar na justiça porque eu tô aqui com os nervos em frangalhos, tô aqui numa insegurança sem saber o que fazer, deixando de trabalhar - que eu não posso ir trabalhar e deixar minha mulher aqui e como é que eu vou trabalhar? eu tô numa situação de intranquilidade, não tenho nem condições para ir trabalhar. A representante do IPHAN de Cachoeira esteve aqui e ela viu que o risco era iminente e que precisava ser demolido então é o que eu vou fazer, eu vou correr atrás porque se eu for esperar o poder público resolver aí eu não sei quanto tempo eu vou ficar aqui nessa insegurança."

Após a realização da entrevista, parte do imóvel que estava em ruínas foi demolido. Informações do repórter Adriano Rivera do Diário da Notícia.

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