Novo protocolo elimina a etapa mais crítica do desenvolvimento inicial da planta, impulsiona a produção de mudas e amplia o potencial da macaúba nos biocombustíveis
![]() |
Foto: Studio Felipe Castellari. |
A macaúba é uma planta nativa conhecida por seu alto potencial energético, mas seu cultivo sempre enfrentou desafios devido à dormência acentuada de suas sementes. Com o novo protocolo, que elimina a escarificação, técnica tradicional usada para enfraquecer ou romper a casca da semente para facilitar sua germinação, este processo torna-se mais eficiente, preservando a integridade das sementes e reduzindo drasticamente as perdas no processo.
“Essa conquista é fruto da junção essencial entre ciência e tecnologia. Damos mais um passo importante para consolidar a macaúba como base de uma cadeia produtiva sustentável e escalável, que terá impacto direto na descarbonização do nosso planeta e na liderança do Brasil nessa empreitada”, afirma Victor Barra, diretor de Agronegócios da Acelen Renováveis.
O resultado representa uma mudança relevante para a produção de mudas de macaúba. A eliminação de etapas do processo contribui para padronizar resultados, facilitar o manejo em campo e tornar mais viável a expansão em áreas de pastagens degradadas, conforme previsto no projeto de produção de combustíveis renováveis da companhia. A etapa mais crítica, que era a remoção do opérculo — uma espécie de “tampa natural” que protege o embrião, mas dificulta o nascimento da planta — foi totalmente eliminada. Antes, era necessário realizar um corte cirúrgico nessa estrutura, um procedimento delicado e trabalhoso que ainda aumentava o risco de contaminação por microrganismos. Agora, com a técnica desenvolvida, as sementes brotam naturalmente, sem precisar desse passo agressivo, alcançando 70% de sucesso e contaminação reduzida a zero.
“Este avanço na pesquisa e na parceria com a Acelen representa uma importante contribuição para o desenvolvimento regional com repercussão global. Acreditamos que este seja apenas um dos muitos impactos positivos que a Universidade pode gerar para o setor produtivo e para a sociedade”, diz a Dra. Maria das Dores Magalhães Veloso, Pró-reitora de Pesquisa da Unimontes.
O novo protocolo de germinação da macaúba foi apresentado durante o Acelen Summit, realizado em 17 de setembro em São Paulo. Especialistas, pesquisadores e investidores conheceram os resultados das pesquisas, os progressos na cadeia produtiva e a evolução do ecossistema de inovação em torno da macaúba. Foram mais de 300 pessoas, presenciais ou online, acompanhando as discussões e resultados dos painéis.
Do laboratório ao campo
O avanço nos protocolos de germinação da macaúba será aplicado no Acelen Agripark, centro de tecnologia e inovação agroindustrial da companhia localizado em Montes Claros (MG) e inaugurado em agosto. Com 138 hectares dedicados a experimentos, viveiros e áreas de recuperação ambiental, o Acelen Agripark é uma plataforma estratégica para testes de campo, desenvolvimento de mudas e otimização de processos, conectando pesquisa, tecnologia e produção em larga escala.
“O Acelen Agripark é um divisor de águas, porque conecta a pesquisa ao campo. Aqui conseguimos validar soluções em escala real, acelerando o desenvolvimento de uma cadeia produtiva que vai gerar impacto econômico, social e ambiental positivo para o Brasil”, reforça Victor Barra.
Da semente ao combustível
A macaúba é uma planta brasileira de alto potencial energético, capaz de produzir de 7 a 10 vezes mais óleo por hectare do que a soja. A partir dela, a Acelen Renováveis vai produzir 1 bilhão de litros por ano de biocombustíveis totalmente drop in, com potencial de reduzir em até 80% as emissões de CO₂ em relação aos combustíveis fósseis — sem considerar ainda o sequestro de carbono proporcionado pelo cultivo.
O desenvolvimento da macaúba é um dos pilares do projeto de combustíveis renováveis da companhia, que prevê investimentos iniciais de US$ 3 bilhões na sua primeira unidade integrada, que inclui biorrefinaria na Bahia, cultivo de 180 mil hectares e a criação de um ecossistema robusto de ciência e tecnologia voltado à bioenergia.
A iniciativa tem potencial de gerar até 85 mil empregos ao longo da cadeia e injetar cerca de US$ 40 bilhões na economia brasileira nas próximas décadas, contribuindo para as metas de descarbonização do país e posicionando o Brasil como protagonista global na produção de combustíveis sustentáveis.
Siga-nos no Google News, Facebook e Instagram. Participe dos nossos grupos no WhatsApp ou do nosso canal