| Foto: Valter Campanato/Agência Brasil | 
Para tentar acelerar a coleta de assinaturas favoráveis
 ao projeto de lei de iniciativa popular para a reforma política, o 
Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) lançou mais uma 
ação para mobilizar representantes de diversos segmentos da sociedade 
civil. O movimento ocorre paralelamente à retomada do debate no 
Congresso, com a ideia de apresentar uma proposta que possa ser 
apreciada pelo Parlamento.
Segundo o presidente da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coêlho, é preciso colher 1,5 milhão de assinaturas para a proposta, chamada de Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas.
“O Brasil inteiro tem que se mobilizar e discutir, porque não há 
verdades prontas e acabadas, mas algumas premissas nos unem. A primeira é
 o fim do financiamento empresarial das eleições”, disse ele, durante 
evento em que o movimento pela reforma política recebeu mais 20 mil 
assinaturas, entregues por representantes da organização não 
governamental (ONG) Educação para Afrodescendentes e Carentes 
(Educafro). Com esses apoios, o texto já tem mais de 520 mil 
assinaturas.
Para a ONG, o financiamento de campanhas por empresas é o problema 
estrutural mais grave entre os que afetam o processo democrático 
brasileiro. O projeto prevê a proibição do financiamento de campanhas 
por empresas e propõe o que chama de financiamento democrático como 
alternativa de condições iguais para todos os partidos. O financiamento 
proposto pela coalizão seria feito por meio do Fundo Democrático de 
Campanha, composto de recursos do Orçamento Geral da União, multas 
administrativas e penalidades eleitorais e do financiamento de pessoas 
físicas.
Os recursos do fundo seriam destinados exclusivamente aos partidos 
politicos. Pelo projeto, no segundo turno das eleições proporcionais, os
 candidatos receberão do partido recursos em igualdade de condições.
“O segundo [ponto] é fazer com que a participação popular seja cada vez 
mais estimulada no país, criando uma tradição de consultas à população. E
 também a paridade da participação das mulheres”, completou Furtado 
Coêlho.
Outra proposta que consta do projeto é a susbtituição do atual sistema 
eleitoral – proporcional de lista aberta – para um sistema proporcional 
em dois turnos. A ideia é que, no primeiro turno, o voto seja dado ao 
partido, à plataforma política e à lista pré-ordenada de candidatos, 
quando ficará definido o número de vagas parlamentares a serem 
preenchidas pelos partido. No segundo turno o voto será dado ao 
candidato.
“O atual modelo está endereçado a permanecer, ou cada vez mais ampliar o
 fosso que separa representantes e representados. Entendemos que é 
fundamental um novo modelo com votação em lista partidária. Essa votaçao
 em lista estimula o debate de ideias e propostas. Mas, como no Brasil 
há cultura da votação nominal e desconfiança da população com os 
partidos, a coalizão viu a possibilidade de, no segundo turno, o eleitor
 alterar a ordem da lista”, explicou.
As propostas apresentadas não alterariam a Constituição. Com mudanças 
apenas nas leis eleitorais, a expectativa é que o texto tramite e seja 
aprovado com mais facilidade pelo Congresso, acrescentou Furtado Coêlho.
 O formulário de assinaturas está disponível no site do movimento.
O texto já tem apoio de mais de 100 entidades, movimentos e organizações
 sociais.Além da OAB, apoiam a proposta entidades como a Conferência 
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o Movimento de Combate à Corrupção
 Eleitoral, a Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma Política e a
 Confederação Nacional dos Trabalhadores na Educação.
Enquanto as entidades tentam avançar rapidamente com o texto, na Câmara 
dos Deputados, a expectativa do presidente da Casa, Henrique Eduardo 
Alves (PMDB-RN), é que a Comissão de Constituição e Justiça e de 
Cidadania (CCJ) aprove, nesta semana, a admissibilidade da proposta do 
Grupo de Trabalho da Reforma Política (PEC 352/13). Com a aprovação, 
será criada uma comissão especial que ouvirá os diversos setores da 
sociedade, antes de fechar o texto final que será submetido a um 
referendo popular.
Fonte: Agência Brasil