Opinião: CPI concluiu que criação da TV Globo era ilegal

Foto: Ilustrativa | Diário Liberdade
Por Sérgio Jones
A Rede Globo de Televisão é fruto podre expelido pelo ventre da ditadura. Ela surgiu no Brasil um ano após o golpe militar de 1964, mais precisamente, em abril de 1965. A partir desta data tem início a implantação deste nefasto órgão de comunicação, fruto de um acordo entre o já consagrado empresário do setor Jornalístico Roberto Marinho, dono do jornal O Globo e de emissoras de rádio, e o conglomerado norte-americano Time-Life, que investiu, segundo apuração feita na época um total de US$ 25 milhões, mais assessoria técnica e comercial.

O mais impressionante de toda esta farsa é que o ‘acordo’ chegou a ser investigado por uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), a partir de denúncias formuladas por Carlos Lacerda e Assis Chateaubriand, rivais dos Marinho. Os resultados e a conclusão a que chegaram foi de que a criação da TV Globo, era ilegal, pois feria o artigo 160 da Constituição Federal, a qual proibia a participação de capital estrangeiro em empresas de comunicação brasileira.

Mesmo diante de tal constatação, A Globo e seu associado norte-americano mobilizaram todos os recursos necessários para a realização de uma montagem impecável para colocar em funcionamento a emissora. E para que isso se efetivasse na prática, os dólares fluíram conforme as necessidades iam surgindo. O que consolidou a criação da Hidra de Lerna.

O mais incrível foi o depoimento dado por Roberto Marinho na CPI. Cinicamente declarou desconhecer seu débito para com a parceira americana (Time-Life) e que tudo corria simplesmente “ com a condição de um acerto futuro”. O processo de legalização se arrastou até 1968, quando foi concluído em favor da Rede Globo. Isso só foi possível devido a canetada dada pelo ditador presidente de plantão, Costa e Silva.

Em contrapartida, para agradar ao que a escritora Heloisa Starling denominou como título de um de seus livros: “ Senhor dos Gerais – Os Novos inconfidentes e o golpe de 1964”. O grupo elaborou um editorial no qual mostrava a sua total subserviência ao sistema fascista vigente:” Participamos da Revolução de 1964 identificados com os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, ameaçadas pela radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção generalizada. Isto ocorreu em 1984, 20 anos após o golpe que já se encontrava nos estertores do final da ditadura.

Após a morte do patrono da família Marinho, em 2003, seus três pimpolhos e herdeiros se assomaram ao poder de uma empresa construída com o sangue de milhares de brasileiros assassinados nos porões da ditadura. De acordo com registros de dados oficiais, estes dão conta de milhões, não contabilizados, referentes à sonegação de impostos. Entre outros desserviços praticados por esta corja que mancha de forma indelével as páginas da história da nação brasileira.

Sergio Jones é Jornalista formado pela FACOM-UFBA

*As opiniões emitidas em artigos assinados no site Diário da Notícia são de inteira e única responsabilidade dos seus autores.
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