A Dama: Ela, Ederlita Dias de Almeida - Por Arquimedes da Silva Costa

Ederlita Dias de Almeida | Foto: Arquivo Pessoal

Eu poderia simplesmente mandar uma mensagem de pêsames e assim, um protocolo de boas maneiras estaria realizado com o gesto de solidariedade cumprido e o de fraternidade, confirmado. Mas não é nada disso, isso é pouco e eu imagino mais!

Reconheço em Ederlita Dias de Almeida - Dona Ederlita - um personagem que sempre foi ativo na história de Muritiba e no seu contexto de município nos últimos 100 (cem) anos. Faltou aos historiadores atuais - se é que existem - sensibilidade à altura para reconhecer a sua riqueza através da personalidade marcante desta “ex” primeira-dama. Não se trata aqui, falar da riqueza material e que a mim não cabe retratar, mas da sua sutileza participativa na convivência social e seus desdobramentos. Sejam: na economia e no político social, por sua presença notada no estilo Ederlita de ser.

Muritiba ocupou no passado uma posição de destaque, tanto na economia como na política. Na economia pelo suporte da agricultura crescente - com a produção fumageira em destaque - e por sua posição geográfica, favorável talvez para a logística da época. Na política, o prestígio das lideranças locais, perdeu força e aparece um novo perfil de gestores, com frágil relevância, dando espaço para representantes de qualificação discutível no aspecto institucional.

A partir daí - na segunda metade do século passado - a participação dela se fez notar através de apoio ao legado político do seu falecido marido, o coronel Geraldino Pereira de Almeida, que liderava a metade da força política local. A outra metade se moldava aos desígnios dos Fraga e simpatizantes fiéis. Resumindo, Muritiba sempre foi: os Almeida e os Fraga; Canto e Bahia; a Cinco e a Lira; Operários e Patrões; Doutores e Professores; Pobres e Ricos; e por aí vai. E para ilustrar, a chamada turma da “elite” que jogava bola juntos, pulava corda e macaco; tomava banho na mesma fonte, estudava no mesmo colégio, saía fantasiada de careta e virava o cão nas lavagens!

E a pergunta vai..., e o que tem Dona Ederlita a ver com tudo isso? Com tudo eu não sei, mas com isso, ah..., tem sim!

A mesma elegância dos seus passos de “tango” e o molejo na dança de “carlton” que nivelava à mesma intimidade com o “samba e o forró”. A mesma determinação em contornar um conflito político de antagônicos era ela, ao recepcionar a passagem do cortejo da “bandeira da festa“ no dia 1º do ano.

A mesma solidariedade para uma família enlutada em situação adversa à da sua, e no âmbito da própria comunidade.

E nesta oportunidade, quero deixar claro que a presente narrativa é uma concepção pessoal e não tem compromisso algum, com a história oficial da cidade, até por não ser eu, um historiador. Ela faz parte da minha irrequieta percepção cidadã e compreende a convivência com a família Dias de Almeida, começando da infância, passando na adolescência, na maturidade e com uma leve dispersão dos dias atuais.

Quero lembrar aqui a sólida amizade de minha mãe Alzira e da minha tia, professora Lúcia Albano, esta última, em convivência quase centenária e de rara fidelidade que a passagem do tempo esteve a preservar e comprovar. Eram amigas!

Finalmente, aos meus amigos, filhos de Ederlita e Geraldino: Marlene, Carlos e Almeida - este último, meu colega de ginásio - vai o meu afetuoso abraço e, ao invés de dar ênfase aos meus sentimentos, vai a minha mais profunda admiração por tal experiência maternal, bem vivida e agora de saudades, com a passagem marcante dessa extraordinária mulher, - Ederlita Dias de Almeida!

*Arquimedes da Silva Costa (muritibaliteral@gmail.com)

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